quarta-feira, 22 de novembro de 2006

A casa do 2º ano


Por muitas voltas que a vida dê, existem locais que nos marcam mais significativamente do que outros e, assim sendo, o caso do celebríssimo apartamento do 2º ano é um perfeito retrato de tal afirmação.

Aquele antro foi um daqueles covís que para sempre irão ficar marcado nos nossos corações. Aliás, nós deixamos por nossa vez, inúmeras marcas físicas no imóvel assim como relevantes impactos psicológicos na vizinhança de forma a celebrar eternamente um laço de união entre os seres animados que o habitaram, e o objecto físico em questão.

Após um ano de violentes celebrações, tivemos de deixar aquele lugar com um aperto no coração e pernas a galgar, para não pagarmos aos donos os danos causados. Este post é um memorial ao testemunho material do que foi com toda a certeza o ano mais feliz das nossas vidas. Apenas breves referencias, uns flashbacks momentaneos que nos provocam arrepios na espinha e relembram cheiros e sabores que nos esforçamos por esquecer.

Resolvi, para facilitar a leitura aos nossos leitores, publicar este tributo em vários pequenos capítulos úteis para melhor separar o espesso tecido quase palpável de degredo, humor, cheiro, sujidade e álcool que flutua nas nossas recordações quando nos referimos a esta toca vampiresca.

Desta forma:

As decorações -

Quando entramos pela primeira vez no apartamento com os sacos as costas e a vontade de nos instalarmos rapidamente, deparamos-nos com uma decoração do imóvel muito à quem das nossas preferências. De facto o antro apresentava todas as características típicas de uma propriedade de lavradores do alto minho que, apesar da boa vontade e carácter trabalhador, de bom gosto não tem nada a não ser no que toca ao verde regional. Armários no meio da sala foram realojados devidamente contra a parede, mesinhas a mais foram expulsas pela janela logo no primeiro dia e , os quadros típicos de meninas a chorar e paisagens bucólicas, foram transformados em cinzeiros.

Os estragos -

Com o tempo todos os espaços de arrumação foram preenchidos com garrafas, as sanitas começaram a sair do sitio tais computadores portáteis, as portas das arrumações cederam assim como os estores começaram a ficar presos. Para alem disso, severos danos foram infligidos as paredes tectos, candeeiros, varandas, electrodomésticos, vidraças e ao mobiliário dos quartos. Enfim, mas vale dizer que tudo o que se encontrasse a determinado momento dentro daquelas paredes corria sérios riscos de sofrer danos consideráveis.

O Prédio -

A extensão da nossa loucura não ficou retida dentro de nossa casa. Acusaram-nos de denegrir a estética do prédio por pendurar nas varandas lençóis com mensagens obscenas e de guardar sucata nas mesmas o que sugeria que o prédio estava habitado por ciganos ou ladrões. Mais do que isso, usávamos todas as peças que se podiam separar do condomínio para nosso uso exclusivo. Maçaneta das portas, campainhas etc etc. Tudo era aproveitado para, por exemplo, arremessar para a rua ou decorar o pinheiro de natal.

A vizinhança -

Pode-se se dizer que ninguém tem nada como realmente adquirido. Mesmo morando num prédio semi desabitado, eventualmente, de um dia para o outro, a calma pode desaparecer. Diz-se e bem que há calmaria antes da tempestade.. Quantas vezes vieram nos bater a porta a meio da noite por termos a musica nas alturas sem nos ralarmos, quantas pessoas incomodamos com o constante vai vem de pessoas, portas a bater e sons indecifráveis. Até o bairro em redor sofria as consequências. Muitas vezes brincávamos ao arremesso mais longo. O objectivo era atirar o lixo o mais longe possível para alem da linha do comboio o que, compreensivelmente, causava um chiqueiro lamentável em toda a rua. Engraçado mesmo era trancar o Javali meio nu numa varanda e gritarmos com todas as forças pelas outras janelas para que as pessoas viessem ver o que se passava. Era mesmo muito bom ver as luzes dos prédios adjacentes se iluminarem a meio da noite para ver um exibicionista sem vergonha. Um hominídeo grotesco tal gárgula desnuda, incensivel à vergonha e aos fundamentos do respeito que se deve aos outros na vida em sociedade. No auge da nossa loucura, chegamos até a fazer fogueiras na varanda de dimensões consideráveis. Churrascos foram planeados e, certo dia, conseguimos queimar listas telefónicas, cadernos de Inglês, lixo e o pinheiro de Natal de uma única vez. Concordo porém que, desta vez, os vizinhos tiveram razões para se preocuparem.

As festas-

O apartamento do 2º ano era um palco idílico para a realização de festas estudantis sem vergonha. Vómitos imundos permaneceram para sempre agarrado aos azulejos da casa de banho, amendoins encontravam-se ainda meses depois, bebedeiras la apanhadas ficaram na historia e, situações vergonhosas de mais para aqui serem contadas, provaram que aquele local era o único capaz de gerar o ambiente perfeito para acontecimentos desta natureza. Na memoria ficam imagens de frigoríficos a rebentar de bebidas e os dias inteiros a limpar a habitação apos estas fenomenais sessões de convívio.

Resumo-

Para finalizar esta breve compilações de memorias relativas à casa do 2º ano, apenas aponto o que aconteceu e, o que foi mencionado sobre nós, aos locatários que la foram parar no ano seguinte. Foi nos dito que a proprietária, de tão furiosa connosco, tornou-se uma psicopata desconfiada. Disse ela que as reparações efectuadas foram superiores a 500 contos na moeda antiga (não era preciso exagerar.. A casa inteira não valia isso) e que a mobília quase toda teve de sofrer intervenções por parte de carpinteiros (isso sim, concordo). Para além disso, disse ainda que encontrou droga escondida na casa (como se de facto tivéssemos alguma vez tido estupefacientes, estes sobrariam.. Impossível..) e que nunca mais fazia alugueres ao negro nem deixaria de pedir uma caução avultada como medida de precaução (faz ela bem).

Bons tempos, saudades daquele reconfortante ninho..

1 comentário:

Ana disse...

Cm estreant nest blog...vou comentar esta estranhissima e vagabundesca historia...loooool...a pedido d alguem...looool...n admira k d factos estes vizinhos e donos dexa casa n vos keiram ver + por la...d facto,pelo k vejo citado,os estragos foram demasiados e criaram aos donos da referida casa danos morais e psicologicos...looooool...mas pronto festa é festa mas n era preciso exagero..ok...da pa recordar e rir agora imagino...mas na altura n devia er sido nd bonito...loooool...e onde andava nexa altura o snhr racional onde estava...loooool...belas historias aki contandas...vao postando k eu vou paxando!!!fikem bem**;D